Toada do Amor
E o amor sempre nessa toada!
briga perdoa perdoa briga.
Não se deve xingar a vida,
a gente vive, depois esquece.
Só o amor volta para brigar,
para perdoar,
amor cachorro bandido trem.
Mas, se não fosse ele, também
que graça que a vida tinha?
Mariquita, dá cá o pito,
o teu pito está o infinito.
Ainda que saibamos que no século o uso de figuras
diminui muito, havendo até poetas de linguagem praticamente denotativa, há
conotação não desapareceu. Não vamos metaforizar como no século XIX, mas não
vamos impor o fim da metáfora, pois isto também seria falso.
Reparemos aqui no segundo verso um “quiasmo”.
Apesar do nome, é fácil entendê-lo.
Quiasmo
Figura de retórica baseada na simetria que é construída com quatro termos, dois dos quais geralmente repetidos, e sendo os dois últimos da mesma na natureza que os dois primeiros, mas apresentados invertidamente. O quiasmo dispõe os termos como num espelho e por isso é frequentemente representado por uma cruz ou pela sequência ABBA, como se pode exemplificar com os seguintes excertos: "Dá, contra a hora em que, errada, Novos infiéis vençam, A benção como espada, A espada como benção!" (Fernando Pessoa, Mensagem, "Os castelos", D. Afonso Henriques) Ainda no seguinte exemplo, cada verso é iniciado por uma retoma do sintagma nominal do verso anterior, mantendo a estrutura sintática invertida, desdobrada em espelho, com a sequência SN (sujeito) + Verbo copulativo + SN (predicativo do sujeito): "Sou um guardador de rebanhos. O rebanho é os meus pensamentos. E os meus pensamentos são todos sensações." (Alberto Caeiro, O guardador de rebanhos, IX) |
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. No
texto simples de Drummond, com linguagem coloquial, o uso de uma figura de
retórica serve para mostrar a alternância
do sentimento amoroso e, portanto, melhor defini-lo.
Marcus Vinicius Quiroga
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